sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O aniversário da minha irmã.

Ontem, 30 de julho, foi aniversário da Marizulma, minha irmã mais velha. Se ainda estivesse por aqui, estaria fazendo 69 aninhos. Como ficou resolvido que, para felicidade dela e saudades nossas, ela deveria ir para outros lugares, só nos restou viver com uma imensa ausência.

Como já disse em outras épocas aqui no blog, pela diferença de idade (uns tantos anos), ela acabou sendo minha guardiã. Minha mãe era professora e pouco tempo tinha para dedicar ao pequeno e ela então acabou tendo que ser a responsável pelas distrações do pimpolho. Tarefa não muito fácil como também eu já andei escrevendo por aqui.

Mesmo sentindo uma imensa falta não consigo imaginar situações ruins que passamos juntos. Só lembro-me de momentos agradáveis, os que por ventura tiveram um pouquinho de diversidade, nós resolvemos e conseguimos inverter sempre para um lado positivo. Com isto, com todas nossas arestas aparadas e nossos problemas resolvidos, acho que conseguimos passar nossas vidas a limpo. Só restaram momentos agradáveis para recordar.

Parabéns minha irmã, que a vida continue deste outro lado, proporcionando momentos tão especiais como os que passamos aqui.

PS. A imagem poderia ser um dos tantos bolos que ela fez nos meus aniversários. Como eu não registrei, tive que apelar para este ai.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Minhas tias.

Hoje, olhando com outros olhos, acho que elas não eram tão velhas assim. Quando criança e adolescente sempre achava que elas eram muito mais velhas. Não sei por que, mas o tempo passa e a gente vai perdendo a impressão que nossos parentes e amigos mais idosos, eram tão idosos assim.

Voltando. Jandira, Elvira e Maria Amélia (Melica), irmãs mais velhas de minha avó, portanto tias de minha mãe. Uma viúva, uma casada e uma solteira. Moravam as três juntas. Tinham uma pequena escola herdada de meu bisavô que na época dele era uma grande escola. A única da cidade e a mais conceituada da região.

Tia Melica, a mais velha, desde que me conheço por gente, já era completamente maluquinha. Vivia em um mundo só seu. Tudo o que ela achava que estava sobrando na cozinha levava para seu quarto e guardava em uma cômoda com umas gavetas imensas. De tempo em tempo, Tia Elvira tinha que dar uma geral na tal cômoda e trazer tudo de volta para cozinha. Ou jogar fora o que tinha estragado. Lógico que sobre os protestos da outra. Outra mania dela, no caso da tia Melica, era vender e comprar ovos. Pegava três ovos e procurava Tia Elvira, novamente ela, uma santa, e perguntava se a mesma estava interessada em comprar os ovos. Minha tia comprava e lhe dava o dinheiro. Passado um tempo lá vinha a Melica perguntar se a outra não tinha uns ovos para vender, e comprava. Assim passava seus dias.

Tia Jandira, a mais nova, era uma daquelas pessoas que praticamente conhece a cidade inteira. Católica fervorosa ia à missa todos os dias. Na ida, andava rapidamente e saia com bastante antecedência para não se atrasar e naturalmente era uma das pessoas que ajudava na realização do culto. Sua volta era um caso a parte, demorava horas conversando pelo caminho com todas as pessoas que encontrava. Era uma pessoa muito falante, dava fé de tudo o que acontecia na cidade e como conseqüência disso, era muito falada. Diziam as más línguas que o marido não a agüentou e desapareceu nos primeiros dias da lua de mel. O pior é que, confirmado pela família, as más línguas estavam certas. Ele desapareceu mesmo, só que a causa permanece nebulosa. Nem a família confirma.

Tia Elvira, a do meio, era a mais doce delas. Foi quem criou minha mãe. A bondade em pessoa. Sempre bem disposta e atenciosa, cuidava das irmãs, principalmente da mais velha, com muito carinho. Nunca vi uma pessoa com tremenda paciência, nada a tirava do sério. Quando fazia algo para alguém, notava-se que ela estava fazendo porque gostava. Uma graça de velhinha.

Essas eram minhas tias, muito queridas e cada uma, a seu modo, deixou um pouco de saudade.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Quase um cantor.

Silêncio, ele está dormindo
Vejam como é lindo
Sua majestade, o neném!

A casa já tem novo dono
Novo rei no trono
Sua majestade, o neném!

Parece com papai
Com a mamãe também
Parece com a vovó
Não, não parece com ninguém
Ele, é ele só
Sua majestade, o neném!

Eu não me lembro de nada. Acho que o vexame foi tamanho que eu deletei da memória. Contam as más línguas que cantando estes versinhos, com cinco anos de idade, eu me apresentei em uma festa de Nossa Senhora Aparecida lá nos fundões das Gerais. O fato aconteceu bem no dia de meu aniversário. Dizem que de calças curtas e gravatinha borboleta eu fui a sensação da noite.

Tudo o que sei deste episódio chegou aos meus ouvidos através de outras pessoas, mãe (orgulhosíssima), irmãs mais velhas e amigos conterrâneos. Meus talentos para música foram descobertos por uma prima de minha mãe que estava organizando o show da festa. Ela precisava de uma criança para cantar e “mamãezinha querida” se apressou logo em oferecer seu rebento. Deu certo, ela me ouviu e gostou bastante. Vários ensaios foram feitos para sincronizar minha voz com a música que naturalmente naquele tempo era ao vivo.

Uma coisa é certa, eu tinha uma boa voz. Depois do acontecido me arranjaram uma vaga no coral da igreja matriz. Cantei neste coral até os dez anos quando me mudei da cidade. Recordo-me de ter feito belos solos em missas dominicais. Não me lembro de ter sonhos em ser cantor nesta época. Tudo mudou com a chegada da adolescência, a bela voz infantil deu lugar à outra que só fica bem nos sussurros.

Cantar nunca mais. Agora só no chuveiro e assim mesmo tem sempre alguém reclamando e pedindo para eu não me empolgar.

PS: A música foi gravada pelo Trio Nagô e é da dupla Klécius Caldas e Armando Cavalcante.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

O santo casamenteiro.

Hoje é dia de Santo Antônio. Para as pessoas, como eu, que nasceram no interior, esta é uma data bem especial, o início das festas juninas. Com certeza hoje na minha terra devem acontecer muitas comemorações, na cidade ou nas fazendas vizinhas. Realmente é um evento, muitas fogueiras, fogos de artifício, bandeirinhas e quadrilhas, com casamento na roça e tudo. Apesar de pequena a cidade normalmente já é muito animada, imaginem com um bom motivo.

Quando eu era pequeno e ainda morava lá, gostava muito deste período. Para a criançada era muito divertido. Tudo começava sempre no dia 12, véspera do dia de Santo Antônio e Dia dos Namorados. Como o santo também é conhecido como casamenteiro, era normal que as garotas, e as não tão garotas assim, fizessem algumas simpatias para que o santinho ajudasse a encontrar um par.

Como sou o único filho homem de uma família com seis rebentos, e, além disso, o penúltimo, lá em casa a data era uma festa. Minhas irmãs e as amigas, todos os anos, insistiam com novas simpatias para prender algum moçoilo. Era bastante divertido. Lembro-me bem de uma delas - escrever o nome do escolhido em um papel e cravar com um facão no tronco de uma bananeira, à meia-noite. Eu nunca entendi direito a simbologia do facão cravado e da bananeira para tentar conseguir um marido, mas era muito engraçado ver aquele bando de mulher fazendo fila na direção do fundo do quintal. Mesmo com medo do escuro e do que poderia aparecer por lá, elas sempre cumpriam sua missão. Pobres das bananeiras.

Outra simpatia era, também à meia-noite, quebrar um ovo dentro de um copo com água e deixá-lo até o dia seguinte, no sereno. Se o desenho formado lembrasse um vestido de noiva era sinal de que o casamento estava próximo.

Mesmo com todas as simpatias, não me lembro de nenhuma sortuda, incluindo minhas irmãs, que tenha conseguido o intento. O que não impedia de sempre tentarem a mesma coisa no ano seguinte.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

O assassinato da coca-cola.

Hoje eu cometi um crime. Assassinei uma garrafa de coca-cola.

O pior é que quando forem reconstituir o crime, com certeza chegarão à conclusão de que foi premeditado. Teve estória e preparação, sem nenhum álibi ou atenuante.

Logo de manhã quando levantei verifiquei que o número de cocas não daria para o fim de semana. Planejei dentro de meus horários disponíveis, um tempinho para passar no supermercado e abastecer minha pequena dispensa com litros e litros do precioso líquido. Depois de comprá-las em embalagens plásticas de seis em seis, as levei para casa.

Lá chegando é que aconteceu o desastre. Coloquei as embalagens no chão da cozinha e sai em busca de uma faca para, como sempre, dar uns talhos no plástico da embalagem e liberar as garrafas. Escolhi uma faca pequena e pontiaguda. Levantei a arma e a desci em um golpe certeiro. Zás...Perfurei uma das garrafas que reagiu com uma pequena explosão e começou a jorrar como um poço de petróleo. Estrebuchou até a última gota de coca que tinha dentro do vasilhame.

Eu, depois de correr assustado para um dos cantos da cozinha, fiquei, sem qualquer reação, apreciando o espetáculo. A pobre espirrou para todos os lados, do chão ao teto não existia um do cantinho sem coca-cola.

Depois do susto, logo veio como reação risadas histéricas, para logo após quase chorar só de pensar em limpar aquela lambança.

Realmente o crime não compensa.

domingo, 18 de maio de 2008

Desabafo mineiro.



Depois de passar o fim-de-semana escutando os gaúchos contarem causos da terra deles, e estando em minoria, me resta apelar para um saudosismo da minha terra. Ó mineiros de todos os cantos, venham em meu auxílio.

Fica esta bela canção, nosso segundo hino.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Uma sina hereditária.

Lendo o post de um amigo, sobre o carinho que ele tem por uma travessa Goyana (aliás, eu conheço a tal peça e acompanho a dedicação dele pelo objeto há décadas), lembrei de meu aparelho de porcelana chinesa. Deve estar guardado em algum lugar da casa. Já tive muito apego por ele. Hoje o mantenho para evitar a perpetuação de uma catástrofe familiar.

Vou explicar. O tal aparelho, daqueles de porcelana bem fininha que você fica com medo de até respirar perto dele, está na minha família, pelo que eu sei, há milhares de anos. Este sim já é uma antiguidade. A primeira a receber de presente de casamento foi a tia de uma tia-avó minha. Pela data deve ter recebido direto de um imperador da dinastia Ming. Ai começou a tal da sina hereditária.

Esta parenta distante acabou tendo seu casamento desfeito. Praticamente abandonada no altar, seu noivo desapareceu e sequer deixou explicação do que poderia ter acontecido. Como era comum na época, e acho que até hoje, não era educado devolver os presentes ganhos, dava azar. Então o tal serviço de café entrou para família. E a sina também!

A minha tia-avó, uma menina adolescente a esta altura, adorava o tal aparelho e ficou com ele para o seu enxoval. Resumo - ficou solteira o resto da vida. Antes de falecer distribuiu, ainda em vida, todos os objetos e pertences que ela havia guardado. O conjunto veio parar nas mãos de minha irmã mais velha.

Já desconfiada que o presente era de grego, ela se limitou a guardá-lo no fundo de um armário e esqueceu dele. Ficou noiva três vezes e não casou nenhuma. Então chegou a minha vez. Eu adorava aquele conjunto e vivia pedindo para ela me dar. De tanto insistir fiquei com ele. Ela, depois de passar para mim, casou.

Este legado já está comigo há uns trinta anos. Continuo solteiro. Primeiro achava que a tal sina existia mesmo. Cheguei até a cogitar a venda para algum antiquário. Hoje eu acredito, com muita fé, que o “azar” existe mesmo e vou manter estas porcelanas comigo, até o fim dos meus dias. Em vida, evito que a sina continue. Depois que cada um cuide de si.

domingo, 11 de maio de 2008

Dia das mães.


Uma homenagem a todas as mães, as mais antigas e as recém saídas do forno.

Às minhas mães. Minha mãe que com certeza de algum lugar deve poder ver essa homenagem e minha mãe emprestada que merece este carinho
.


Foto – arquivo de fotos de viagens do Odilon - Buenos Aires/2007

sábado, 10 de maio de 2008

O primeiro jeans ninguém esquece.

Se falarmos para uma pessoa mais jovem que já houve época, e bem recente, em que não existiam jeans, provavelmente ela não vai acreditar. Todo mundo sabe que o tecido jeans, o algodão resistente tingido com o corante índigo blue, é relativamente novo. Novo no mundo e muito novo no Brasil.

Vivi dezoito anos de minha vida sem ter um jeans. Não existia. Durante toda minha adolescência sonhava em ter uma calça Lee, como era conhecida na época. A indústria têxtil nacional ainda não fabricava o tecido, tão comum em nossos dias. Então, só importado. Eram as legendárias Lee ou Lewis, as únicas que pintavam por aqui.

Como a importação de tudo no país era proibida, só existiam duas maneiras de você conseguir uma calça, trazendo de uma viagem ao exterior, o que também não era a coisa mais comum do mundo, ou comprando de contrabando. Comprar de contrabando, na época, era uma aventura. O Roberto do Musikal com certeza vai ler este post e deixar aqui um comentário explicando, mediante uma desastrosa experiência própria, como eram feitas as transações comerciais para se obter um jeans, no tempo dele.

Como solução para este impasse, a Alpargatas do Brasil lançou uma imitação, bem, mais bem ordinária (como dizia minha mãe) que foi batizada de calça rancheira. A vontade de ter um jeans era tanta que a tal calça começou a ser um quebra galho. Lógico que eu fui um dos que lançou mão deste artifício brega para se sentir mais por dentro das coisas.

Só vim a ter o meu primeiro JEANS, assim com maiúsculo, muito tempo depois. O meu veio em uma nova modalidade de obtenção de produto importado, trazida dentro da bagagem de um comissário de bordo da Varig (única companhia com vôos internacionais na época). Este comércio ilegal acabou por deixar alguns aeronautas bastante ricos. Como só eles tinham facilidade de trazer, era pegar ou largar. A fila era grande e acabavam vendendo um simples jeans por um preço exorbitante. Imaginem este fato nos dias de hoje - quanto custaria uma Diesel?

Primeira e única, a minha calça tinha somente duas paradas, varal e corpo. Eu adorava aquela calça.

Outro meme.

Este veio da Dália Rosada. Muita gentileza dela.

O que temos que fazer é escolher 11 blogueiros, listar e, sem ler antes de escolher, responder as perguntas abaixo. Então:

1. Guris, eu vi!

2. Chrises

3. Musikal

4. Pitanga Doce

5. Três Marias

6. Encosta do Mar

7. Livro de Escrita

8. Lele

9. Mar Azul

10. O mar me quer...

11. Suspiros Angelicais


Agora as perguntas:

1. Como você encontrou o 4? Através do blog de um amigo. Entrei e achei muito interessante. As postagens parecem que tem vida, fora o texto e a boa música.

2. O que você faria sem o 6? Com certeza iria perder belas imagens e deixar de ler excelentes poesias.

3. O que você faria se o 2 e o 6 estivessem namorando? Desejaria a maior felicidade do mundo e que não tivesse tanta água entre eles.

4. O que você faria se o 5 confessasse que ele/ela te ama? Sentir-me-ia bastante lisonjeado, mas acho que quem lê o Três Marias sabe que isto é uma coisa bem difícil de acontecer. A Adriana literalmente vive para sua família.

5. Quem é o melhor amigo do 10? Esta eu não consigo responder. Conheço a Maripa a muito pouco tempo, mas acho que qualquer pessoa ficaria bastante feliz em ser o melhor amigo dela.

6. Você já se alimentou perto do 1? Não só me alimentei como comi do alimento que ele preparou. Ele, apesar de modesto, cozinha muito bem.

7. Você sente saudades do 2? Chrises é uma blogueira ótima. Posta todos os dias. Não tem como sentir saudades dela.

8. Quem o 11 esta namorando? Eu acho que um anjo.

9. O que você acha do 3? Conheço-o desde que éramos jovens. Algumas décadas atrás. É a pessoa que mais entende de música que conheço. Meu guru para assuntos “musikais”.

10. O que você acha do 9? Acho ela uma pessoa muito legal. Pelo menos imagino isto baseado em seus textos e imagens.

11. O que você faria se 4 e 7 estivessem namorando? Mais uma vez existe um oceano entre elas. Como disse o Chico, tanto mar, tanto mar.

12. Você casaria com o 8? Só se ela trouxesse a Isabela. Vocês já viram a filha fofinha que ela tem? Vale a pena conferir.

13. Você ama 10? Como eu disse, não conheço muito. Já é um blog que faz parte de meus passeios diários, gosto muito.

14. Já dormiu no mesmo quarto com alguns desses números? Dois deles são meus amigos quase desde a infância. Quase amigos de berçário.

sábado, 3 de maio de 2008

Sous le ciel de Paris.

Paris
outubro 2004


Hoje amanheceu nublado e ainda frio. Achei que ia ser mais um dia melancólico de outono em São Paulo. Não parecia que ia prestar para nada. Logo na caminhada matinal já começaram a aparecer os primeiros pedaços de céu azul. De início, tímidos e depois com força total. Agora estamos com um dia radiante – céu límpido e azul e uma leve brisa fria do outono.

Sem querer, esta aparência do dia me levou para minha cidade. Lembrei do outono de 2004. Uma quantidade de dias idênticos ao de hoje para serem simplesmente aproveitados à exaustão. Ficar sem fazer nada esticado em uma cadeira à beira da Grand Basin, nas Tuileries, sentindo o sol esquentar a face. Ao longe ouvir um acordeon aos prantos e a voz da Piaf entoando Sous le ciel de Paris. Lagartear ao sol. Languidamente. Às vezes abrir os olhos e, lentamente, vislumbrar à esquerda a Orangerie. Um pouco mais à direita o Jeu de Paume e ao centro os portões dourados e logo atrás o símbolo fálico de Paris – o obelisco da Place de la Concorde.

Fechar os olhos e sonhar.

Acho que estou com saudades de casa.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Petit Gâteau.

Hoje aconteceu comigo uma daquelas situações bastante conhecida. Uma coisa puxa a outra. Vendo um dos destaques da UOL observei a palavra Petit Gâteau (deixo aqui um link para as fadas da cozinha poderem conferir), enfim uma receita de sobremesa daquelas que os chefs juram que é facílimo fazer. Bem, isto não vem ao caso, a estória é outra. Vendo a palavra fiquei pensando – onde já vi isso? Lembrei! Outro dia, perguntei a um amigo e ele explicou, em palavras mais entendíveis, que era um bolinho que o segredo era ser mole por dentro. E ainda completou – lembra aquela sobremesa do castelo? Aquilo era um Petit Gâteau.

Enfim, Petit Gâteau hoje para mim, lembra uma daquelas situações em que você nunca imagina estar e ela acontece. Em 1996, fui com este mesmo amigo fazer uma viagem a França, aliás, minha primeira a Europa. Eu a turismo, ele parte turismo e parte negócios. Um congresso e uma visita a uma indústria diagnóstica na Provance. Como o responsável em conduzir a visita ficou sabendo da companhia, gentilmente, enviou duas passagens de TGV para Motélimar. E lá fomos nós. Fomos recepcionados por ele e levados para conhecer sua casa, uma casinha como ele dizia. Na realidade uma propriedade rural da época medieval (século XIII), toda de pedra rústica por fora e totalmente adaptada aos tempos modernos por dentro.

O compromisso iria acontecer dois dias depois o que proporcionou passeios à boa parte dos castelos e vilas da região. No tal dia eu me preparei para fazer um turismo na cidadezinha quando fico sabendo que a minha estadia incluía uma visita tal indústria. Depois de muito não, acho que não, não é uma boa, lá fui eu, com a cara e a coragem, conhecer um equipamento sem saber nem o que era nem a serventia. Fui apresentado como colega de trabalho, o que deu a entender que eu era um profissional da área. Eu mudo e calado, quase não entendia o que se falava (existe coisa pior que brasileiro falando inglês, francês falando inglês). Para não me alongar muito, o resultado é que fui uma das duas primeiras pessoas do Brasil a conhecer o equipamento, que eu continuo sem saber para o que serve.

O ponto alto da visita foi um almoço. Fomos levados a um restaurante no interior de um castelo com vista, devido à altura, para infinitos campos de lavanda, no vale do Ródano. Uma recompensa pelos constrangimentos passados até então e por outros que aconteceriam durante a refeição. A mesa parecia uma Babel. Quatro falando francês, depois de saber que o amigo entendia boa parte do que era falado, ele respondendo em inglês e eu não entendendo absolutamente nada do que se falava, fingindo uma timidez, mas sorrindo e concordando com a cabeça quando era solicitado a uma participação. Algumas vezes fui prontamente salvo pelo amigo e o representante que rapidamente me colocavam a par do que estava ocorrendo, em português. A maior saia-justa da minha vida.

Bom, não preciso nem falar que o grand finalle servido foi o tal Petit Gâteau, acompanhado com sorvete de creme. Com certeza, na hora devo ter sido informado sobre o que era, afinal eu pedi isto de sobremesa, mas para mim foi mais uma das muitas, muitas palavras que eu não tinha a menor idéia do que se tratava naquele dia.

Desafio dos sonhos.

Este veio da amiga Queruby do Suspiros Angelicais. Obrigado pela lembrança e um beijo.

1. Sonho com um corpinho... sonho impossível;

2. Sonho com uma viagem... qualquer lugar na Europa;

3. Sonho com um príncipe... não sonho com nenhum, nem com princesa;

4. Sonho com uma família... também não sonho, a que tenho já é o bastante;

5. Sonho com uma festa... como eu não sou chegadinho em muito gente reunida, poderia ser com uma festa virtual, acho que ia me divertir muito, até tomar um porre;

6. Sonho com uma grana... muita grana;

7. Sonho em fazer amor... não sonho, a esta altura tenho que fazer senão daqui a pouco vou ficar só sonhando mesmo;

8. Sonho com um Portugal... como eu vejo Portugal só pelo lado turístico, sonho com ele do jeitinho que ele é;

9. Sonho em ajudar... todo mundo que precisar de ajuda, é só pedir;

10. O sonho mais maluco que já tive... normalmente eu não sonho, ou melhor, sei que sonho mas não lembro que sonhei. Até tenho um post publicado sobre o assunto.

Outra vez não tenho para quem passar o bastão, tudo mundo já esta comprometido, mas se tiver alguém que não foi convocado e queira responder ao desafio, sinta-se à vontade.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Que coisa?

Me pega aquela coisa... Aquela coisinha... Aquele negocinho... Ora, aquele......., como é que chama?

Quem já não ouviu alguém usar este monte de expressões, quando na pressa querem que você alcance algum objeto. E o pior, você fica olhando a pessoa com cara de apalermado e ela se irritando porque você não consegue adivinhar o que ela quer. Acaba sendo uma situação, depois de passada, muitas vezes divertida.

Pensando cá com meus botões, ou melhor, com meu botão, visto que o único que eu tenho no momento é o da cintura da bermuda, acho que alguém deveria criar um curso para interpretação do desejo nestes momentos. Poderia ser calcado em dois princípios bem básicos, o da mímica para quando se esta pedindo algo e o de adivinhação quando do lado oposto.

O da mímica, muito simples, seria somente alguma explicação sobre qual a melhor maneira de se fazer entender através de gestos. Afinal quem já não participou daquela brincadeira, de tentar fazer o grupo entender através de gestos o que você esta querendo que eles descubram. Normalmente focada em filmes.

Agora, o reverso da medalha é bastante complicado. O curso teria que se basear em assuntos diversos para fazer com que os alunos (alunos?) pudessem ficar bem à vontade na área que melhor estimulasse seu sentido de adivinhação. Adivinhar pensamentos, bola de cristal, leitura na borra do café, cristais, cartas e etc... Estas seriam algumas das formas de conseguir desenvolver a aptidão nas pessoas.

Já pensou? Depois de três anos e meio, com dois estágios, um nacional, para entender a língua nativa e outro no exterior, para se assegurar que você consegue em qualquer idioma, simplesmente você poderia responder depois dos gestos exaustivamente treinados – pois não, aqui esta sua colher. Mais alguma coisa?

PS. Este post é dedicado a todas as pessoas que cozinham e que normalmente colocam seus ajudantes nesta situação complicada, fato que corriqueiramente acontece comigo e me inspirou a escrever.

sábado, 26 de abril de 2008

Delicadeza.



Coisa muito em moda ultimamente.

Revirando o You Tube encontrei esta canção, um pouco antiga para a homenageada se lembrar. Mesmo assim deixo-a como uma singela (esta palavra também é muito batuta) lembrança.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Mimos da sorte.

Presente da amiga e conterrânea Adriana do Três Marias.

Sorte mesmo é ter gente como você na blogosfera.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Aviso aos navegantes, também.

Continuando a série do eu também, informo aos caros leitores que tive uma crise semelhante aquela do outro lá. Com agravantes empregatícios, já postados e não postados. Um bloqueio indescritível.

Indescritível mesmo. Por isso nem vou tentar descrever aqui, como aquele outro lá. Mesmo porque não tenho a criatividade dele. Ou melhor, criatividade até tenho, não tenho a vontade de lero-lerar em vários parágrafos.

Por isso, lá vai.

Tô de volta (acho).

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Vínculo empregatício.

Nestes dias de desemprego em massa é sempre bom ter uma atividade fixa e rentável. Nem sempre é possível que a subsistência de uma pessoa venha de apenas uma fonte de trabalho. É preciso ter mais de uma atividade, e como não tenho atualmente nenhuma fico a mercê de subempregos. Nessas circunstâncias, é preciso fazer concessões e aceitar tranqueiras.

Em troca do vil metal, eu aceitei secretariar um amigo. O grande mestre da Adriana. Vocês devem imaginar a dor de cabeça que deu. Na verdade foi mais por pena do pobre coitado.

Acho que nunca mais vou repetir a façanha. Até benemerência tem limites.

domingo, 13 de abril de 2008

O dia do beijo.

Um belo dia para voltar a postar. Hoje dia 13 de abril, no Brasil, é o Dia do Beijo.

Só a título de curiosidade, encontrei indicação de que existem 20 tipos de beijos catalogados:

1 – Beijo escondidinho - é quando a língua desaparece.

2 – Beijo Musical - o homem ou a mulher sopra na boca do companheiro e ele(a) abre e fecha a boca, controlando assim, o som.

3 – Beijo Oceânico - é quando cobre o nariz do outro com os lábios.

4 – Beijo de amigo - conhecido como o selinho.

5 – Beijo de Tia - é aquele que só as bochechas se encostam, e a boca beija o nada.

6 – Beijo aspirador de pó - é quando o companheiro coloca a língua na garganta do outro e suga tudo que vê pela frente.

7 – Beijo Roda Gigante - o casal fica girando a cabeça de um lado para o outro, mas deve ter cuidado para não bater a cabeça.

8 – Beijo metralhadora- é quando o companheiro beija todo o corpo da vítima: pescoço, testa, orelhas, nuca e etc.

9 – Beijo Conde Drácula - é o beijo que se estende por todo o pescoço. O grande perigo é deixar o famoso chupão.

10 – Titanic - é aquele quando os lábios se juntam para a troca de salivas bombas. Mas sempre tem aquele tipo que exagera e acaba transformando em um aguaceiro nojento. E o resultado final é: a balada perfeita se afunda, como o Titanic.

11 – Beijo esquimó - é aquele que fica esfregando nariz com nariz.

12 – Beijo experimental - a mulher deve tapar os olhos do homem e colocar a boca em seu lábio superior, realizando com a língua movimentos circulares.

13 – Beijo Francês - esse como todo mundo já conhece é o famoso beijo de língua.

14 – Beijo Sangria - é uma pequena chupada nos lábios do parceiro.

15 – Beijo Balinês - neste beijo a mulher encosta os lábios no rosto do homem, sentindo assim sua temperatura. E o homem retribui, encostando seu rosto no dela sentindo assim seu odor.

16 – Beijo Chinês - é o chamado beijo estalado. O homem encosta os lábios e o nariz na bochecha da mulher, aspira seu perfume e estala seus lábios.

17 – Beijo de Beber - os amantes dão de beber um ao outro usando a boca. É um costume romano e fica mais gostoso se for champanhe ou vinho.

18 – Beijo Francês - colocam-se os lábios na bochecha do parceiro e faz movimentos giratórios com a língua.

19 – Beijo de lagartixa - é dar uma lambida nos olhos do outro.

20 – Beijo Assoprado - beije sua mão e assopre para a pessoa em questão.

O meu preferido é o sangria.

Esqueça a filematofobia, escolha o seu e comemore.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Mais um prêmio.

Só mesmo um prêmio para me tirar do estado apático que me encontro (nada sério, coisas minhas). Obrigado à amiga Adriana do Três Marias pela lembrança apesar do meu afastamento, seu blog é o que mais merece.

Agora as respostas:

1. O que mais ama: sentir amor

2. Cantor de preferência: Caetano Veloso


3. Minha jóia preciosa: tudo o que gosto.

4. Cantora: Maria Bethânia

5. Prato favorito: arroz, feijão, bife e ovo, tudo picadinho e misturado.

A continuidade sempre é um problema sério, não sei a quem passar e os mais íntimos já ganharam, fico devendo.


PS. Obrigado aos amigos que escreveram preocupados com o meu sumiço. Acho que volto em breve, já está quase passando.

terça-feira, 18 de março de 2008

Nostalgia lusitana.

Lisboa - 2004

Uma singela homenagem aos amigos de além-mar. E também para matar a saudade. Já está na hora de voltar.

Um bom dia a todos.

sábado, 15 de março de 2008

Respondendo desafios.

Desafio do Três Marias.

A amiga Adriana me passou este desafio

Que horas são?
10:50

Nome?
Otávio.

Quantas velas pôs no seu último bolo de anos?
Inúmeras.

Tatuagens?
Não. Nem tenho idade para isto.

Piercings?
Não mesmo.

Já foi a AFRICA?
Não.

Já ficou bêbedo?
Algumas vezes, mas quando eu era muito, muito jovem.

Já chorou por alguém?
Sim. Que atire a primeira pedra quem nunca chorou por amor.

Peixe ou carne?
Peixe e muita carne.

Praia ou campo?
Campo.

Cerveja ou Champanhe?
Champanhe, lógico!

Meio cheio ou Meio vazio?
Bem cheio!

Música preferida?
Qualquer uma que tenha uma mulher de língua espanhola sofrendo.

Filme preferido?
Tenho uma lista.

CD preferido?
Acho que a resposta da música era para ser colocada aqui.

Flores?
Begônias.

Vícios e manias?
Coca Cola. Muitas manias.

De quem recebeu este questionário?
Da Adriana do Três Marias.

Quais são os seus amigos que vivem mais longe?
Todos que vivem em Portugual.

Melhor amiga (o)?
Odilon, Roberto.

Deixa o telefone tocar muito ou pouco, antes de atender?
Pouco.

Mulher bonita?
Tenho uma lista imensa.

Homem Bonito?
Eu, lógico!

O pior sentimento do mundo?
Ódio.

O melhor sentimento do mundo?
Amor.

O que é que mais detesta?
Ironia.

Qual é o seu primeiro pensamento ao acordar?
Mais um!

Uma coisa que não tira nunca?
Minha corrente com medalha de Nossa Senhora.

O que é que tem debaixo da cama?
Uma sobra da madeira do rodapé.

Quem é que acha que vai responder a este desafio mais depressa?
Os amigos.

Quem é que talvez não lhe responda ?
Um monte de gente.

Quem é que de certeza lhe vai responder?
Esta eu não sei mesmo.

Quem é que gostava que lhe respondesse?
Todos.


Desafio do Suspiros Angelicais.

Agora, mais um desafio passado, desta vez pela amiga Querubina

Apanhe o livro mais próximo, vá até à página 18 e escreva a 4ª linha:
Responderia às suas perguntas, chamou a polícia. Estendeu as mãos.

Sem olhar, que horas são?
10:30

Depois de olhar?
10:38

Antes de responder a este questionário, que estavas a fazer?
Comprando carne.

Que barulho ouves para além do computador?
Alguém martelando em algum lugar.

Quando saíste pela última vez? Onde foste?
Fui até o açougue comprar carne.

Esta noite sonhaste com alguma coisa?
Não sei, não lembro de meus sonhos.

Quando soltaste uma boa gargalhada pela última vez?
Faz uns cinco minutos.

O que há nas paredes do local onde te encontras?
Nada, são paredes brancas.

Se ficasses milionária durante a noite, qual seria a primeira coisa que comprarias?
Uma passagem para Europa.

Qual foi o último filme que viste?
Piaf – Uma história de amor.

Viste alguma coisa de estranho hoje?
Até agora não, mas com certeza vou ver.

O que pensas deste questionário?
Compridinho, não?

Gostas de dançar?
Sim.

Qual foi a última coisa que viste na televisão?
Ontem a novela.

Qual seria o nome da tua filha se tivesses uma?
Acho que não vou mais ter uma filha.

Qual seria o nome do teu filho se tivesses um?
Nem filho.

O que estás a usar?
Só roupas de grife (hehehe).

Vais passar o questionário a quem?
Acho que a esta altura todos já responderam. Mas passo a quem queira responder.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Vamos fazer fila?


Ontem, dia 11 de março, foi instituído o dia da fila indiana, em Pequim. Como não se tem o hábito de formação de filas na capital chinesa, impera uma confusão generalizada diante dos locais onde seria necessário um pouco de organização. De olho nos jogos olímpicos os organizadores resolveram fazer uma espécie de treinamento com a população. Assim, todos os dias 11 de cada mês vai haver filas em Pequim. O dia foi escolhido como um símbolo que sempre lembrará uma fila, um 1 atrás do outro.

Apesar de ser sempre um transtorno, ninguém gosta, mas é a maneira mais civilizada de se ter acesso aos locais de muito fluxo de gente. Fico imaginando a situação dos chineses, serem convidados a aprender a formar uma fila porque vai haver um evento de proporções mundiais em sua terra e os organizadores não querem que o mundo noticie um fato que era bastante comum até o dia 10 – confusão em locais públicos. O pessoal não deve estar gostando por lá.

Hábito de um povo é hábito de um povo. Por aqui, principalmente em São Paulo, deveria ser instituído o dia da fila organizada. Se existe uma coisa que o povo desta cidade sabe fazer é fila. Basta ter duas pessoas paradas esperando que logo já apareçam uma terceira e um quarta. O povo adora uma fila. Para tudo tem fila, no cinema, no banco, no supermercado, no teatro e nos postos de saúde, imensas, por sinal. Há fila de carros em posto de gasolina e até em carrinho de cachorro-quente tem fila. Portanto, o problema não é a falta de fila e sim a falta de organização nelas. Existem raríssimas exceções, mas o normal é ser uma baderna, com falta de respeito para com os que estão atrás, “guardação de lugar” para mais de vinte amigos e familiares. Você acaba achando que tem cinco pessoas na frente e descobre mais tarde, depois de esperar meia hora, que na realidade tem vinte e cinco, é um desaforo. Sempre tem uns espertinhos que se encostam junto dos primeiros e depois de alguns minutos juram que estavam ali desde o início.

Enfim, brasileiro já sabe e gosta de fazer fila, o que se precisa é de filas organizadas. Vou começar uma campanha para instituição do Dia da Fila Organizada. Acho que para obter bom resultado, o treinamento por aqui terá que ser, pelo menos, semanal. E, como na China, vai ter gente que não vai gostar.

segunda-feira, 10 de março de 2008

O realejo.

Alguém sabe o que é buscar a sorte com o piriquitinho verde do realejo? Acho que as pessoas mais novas não sabem nem do que se trata. Principalmente aquelas que sempre moraram em grandes centros. Eu como nasci e passei minha infância inteira nos fundões das Gerais, vivia correndo por todos os lados atrás da pessoa que carregava o tal instrumento com o misterioso periquito verde. Normalmente era um senhor e para mim, devido a diferença de idade, parecia ser sempre o mesmo velho.

O instrumento musical era uma espécie de órgão com o mecanismo de uma caixa de música e o som amplificado. Quando era girada a manivela, para dar corda ao instrumento, ele logo emitia um som característico. E todos já sabiam que tinha um realejo na cidade.

Acompanhava-mos o “velho do realejo” praticamente o dia todo. Para a criançada era uma diversão. Toda a vez que uma pessoa era convencida a tirar a sorte era uma festa. O velho rodava a manivela, a música começava e logo o piriquitinho já se arrepiava todo começando a dar voltinhas até resolver pegar com o bico, um dos papéis que ficavam dentro de uma gavetinha. Um momento de suspense de quase parar o coração e o velho então tirava do bico do bicho e entregava a pessoa a sua frase de sorte. “Vai encontrar um grande amor”, “Vai ter bastante sorte no emprego” e todo mundo festejava com palmas e vivas. Nunca soube de pessoas para quem os papeizinhos trouxessem notícias ruins.

Hoje pela manhã eu estava andando na rua e ouvi um som bastante parecido com o do velho realejo. Lógico que não era um realejo, impossível ser um em plena Avenida Paulista. Olhei, procurei e fiquei sem saber o que era. Mais foi muito bom ouvir aquele som. Fez-me muito bem. Imaginação? Não sei, o que sei é que fui imediatamente transportado para as ruas de paralelepípedos de minha cidadezinha, e senti muita saudade do “velho do realejo”.

Acho que estou ficando velho. Sem realejo.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Minha época de Aladim.

Depois que terminei meu período no exército, comecei a procurar o primeiro emprego. Antes disso eu trabalhei e muito com meu pai. Aliás, trabalhei e briguei porque não queria ser um mecânico em uma oficina que ele tinha. Enfim coisas de pais e sucessão, foi um período bastante traumático, mas passou.

Bom de volta ao meu primeiro emprego. Foi em uma galeria de arte, ambiente completamente diferente e muito estimulante. A galeria vendia quadros, óbvio, e tapetes persa. Foi o meu primeiro contato com gente com bastante dinheiro. Na época, como qualquer produto superfulo os tapetes eram importados com uma taxa exorbitante. Só quem podia comprar tapetes desta qualidade era gente de muito dinheiro.

Como minha função incluía, além da venda a entrega da mercadoria nas casas dos compradores, conheci casa e apartamentos imensos e muito bonitos. A nata do Casa e Jardim brasileira. O que me encantava na nova atividade eram os tapetes, não conseguia admitir na minha cabeça que as pessoas colocassem no chão, para todo mundo pisar, verdadeiras obras de arte. Cada um mais bonito que o outro, dos desenhos geométricos aos florais, todos me deixavam encantado.

Aprendi bastante neste meu primeiro emprego. Hoje não me lembro de quase nada que aprendi. Na época chegava a arriscar, só de olhar para o tapete e dependendo do desenho, de que região era sua procedência. Conseguia distinguir um tapete razoável de um muito bom, só de olhar para sua coloração e o tamanho dos pontos em que fora tecido. Já era quase um expert.

Daí acabou o milagre econômico, os clientes começaram a rarear e eu fui seguir o que na época era o must profissional – área de recursos humanos. Mas isto já é uma outra estória.

quarta-feira, 5 de março de 2008

As borbulhas do champanhe.

Desde que vi, através da janela de um trem a caminho de Reims, na Champanhe, a cidade de Epernay, fiquei bastante curioso a respeito do champanhe, o líquido que seduz multidões no mundo. Estava escrito no meu guia de viagem que a cidadezinha era completamente sem atrativos turísticos e que a única razão para uma visita seria para meter-se nas diversas caves de calcário e provar o néctar dos deuses. A cidade é totalmente dominada pela indústria do champanhe, um dos mais rentáveis negócios do mundo a ponto de ter a renda per capita mais alta da França.

E como uma curiosidade puxa outra, um devaneio deságua em outro, acabei por ficar bastante curioso de como as borbulhas eram colocadas dentro da preciosa garrafa. Como sou um zero a esquerda em química, para mim era um mistério a formação do tal gás, visto que pela idade que já existe a bebida, não poderia ser um processo industrializado. E nem ficaria bem em um produto tão refinado. Com material pesquisado suficiente e sem pretensões de ser um entendido na arte, coloco abaixo para vocês as informações que sanaram minha curiosidade.

O método champenoise

Para produzir borbulhas, o champanhe tem que passar por um processo de fermentação dupla. Primeira fermentação – o vinho base feito de uvas ácidas é fermentado entre 20 e 22 ºC em barris de carvalho. Depois, são retirados os sedimentos e mantido em temperaturas mais frias para clarear. O vinho é engarrafado e o liqueur de tirage (açúcar, vinho e fermento), é acrescentado. Segunda fermentação – as garrafas são armazenadas durante um ano ou mais em adegas de calcário. O fermento transforma o açúcar em álcool e óxido de carbono, que produz as borbulhas. As células do fermento morrem e as garrafas são levemente batidas todos os dias. A retirada final dos depósitos é feita pelo processo dégorgement (o gargalo é mergulhado em salmoura no ponto de congelamento e o bloco de sedimentos é removido). Adiciona-se um pouco de açúcar (liqueur d’expédition) para ajustar o sabor adocicado antes da última rolha. Voilá!

Enfim é isto, agora como uma boa desculpa, se eu fosse vocês, sairia correndo e compraria uma boa garrafa, de uma boa safra só para se deliciarem com as tais borbulhas.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Desafio dos dez títulos

Só um louco para dar ouvidos ao Odilon, mas como diz o ditado – de médico e louco, todo mundo tem um pouco, então lá vai:

"Estes são os FATOS E FOTOS de um pedaço de minha vida. Aliás, uma das coisas que gosto muito de fazer, contemplar cada fato com A ARTE DA FOTOGRAFIA.

Tudo começou na minha infância quando as coisas mais importantes eram A GABIROBA E O BURACÃO. O resto parece que não existia. Nem um beijinho, um SELINHO AMIGO das meninas da turma tinha tanto sabor de aventura quanto ir brincar em um lugar proibido. Foi naquela época que comecei a sentir que determinados acontecimentos da vida têm que ter um registro. Eu precisava desesperadamente de uma máquina fotográfica.

Pedi aos meus pais, e tanto insisti, chorei e prometi que consegui uma Xereta, uma pequena máquina fotográfica muito comum naquelas épocas. Sentia-me o dono do mundo uma vez que poderia, só com um clic, guardar parte dele. Era muito bom poder registrar todas as novidades que aconteciam na minha vida. A impressão que eu tinha é que tudo iria tornar realidade, deixaria de ser uma ILUSÃO DE ÓTICA.

Bom, e lá fui eu, máquina pendurada no pescoço, em busca da minha primeira aventura. Fui direto encontrar meus amigos na lanchonete do Seu Meme, uma que existia no centro da cidade. Logo que entrei no NAMORADO’S MEME vi as três meninas, Maria Julia, Maria de Fátima e Maria do Carmo. Lindas, minha vontade era de clicar os três rostinhos de imediato, era um desafio, pensei comigo o verdadeiro DESAFIO DO TRÊS MARIAS. Olhei para o lado e vi meu amigo Luis e fui ansiosamente procurar sua ajuda. Ele propôs que déssemos uma flor para elas e, depois pediríamos para fotografá-las. E assim foi, enquanto elas aceitavam A FLOR DO LUIS, eu tirava minha primeira fotografia.

Agora SÓ UM ESCLARECIMENTO, COMEUGARROLEMORREU é impossível de combinar com qualquer outra palavra, então fico por aqui."



Desafio cumprido.

domingo, 2 de março de 2008

A flor do Luis.

Um dos principais símbolos de poder e soberania, bem como de pureza de corpo e alma, era a flor-de-lis. Bastante cultuada na França medieval, sempre houve discussão a respeito da planta que teria dado origem à famosa figura de três pétalas que tanto marcou a história francesa. O enigma – seria o lírio ou a íris?

Algumas referências afirmam que a íris é a flor-de-lis. Existe uma grande semelhança entre elas, principalmente no perfil. A história conta que Luís VII adotou o desenho de uma íris como seu emblema durante as Cruzadas. Este símbolo era chamado de "fleur-de-louis" como referência a flor e ao nome do rei. Daí a origem do nome fleur-de-lis. A sua representação, como uma flor de três pétalas, tinha o significado da fé, sabedoria e valor, sendo adotada como emblema em honra à Santíssima Trindade.

Outras correntes vão para o lado do lírio. Os espanhóis já usam a tradução do nome para flor del lírio e defendendo, neste caso, o lírio como sendo a verdadeira flor-de-lis. Existe uma bonita lenda que ajuda a reforçar esta idéia, - no ano de 496 d.c., um anjo ofertou a Clóvis, então Rei do Francos, um lírio e ele como ato de fé se converteu ao cristianismo.

Existe ainda a interpretação de que ela teve sua origem na flor-de-lótus, do Egito. Outros referem uma inspiração na alabarda, um ferro de três pontas que era fincado nos fossos ou covas para espetar quem caísse por ali. Desta forma, a origem do famoso símbolo francês até hoje não foi esclarecida, ninguém afirma com certeza se é uma íris germânica, uma planta da família da Iridáceas com origem na Europa, ou se uma lilium pumilum da família das Liliáceas, originárias da Ásia.

Agora um fato já é notório no mundo da botânica - a flor-de-lis, conhecida por todos hoje em dia, não é a mesma flor cultuada pelos reis franceses na Idade Média. A sprekelia formosíssima, seu nome científico, é originária do México e da Guatemala. Conhecida também como lírio asteca, Saint James lily ou ainda Lis de Saint-Jacques foi introduzida na Europa por bulbos trazidos do México pelos espanhóis, no final do século XVI, bem distante da época em que o símbolo fulgurava nas bandeiras e armas do mais temido país europeu.

sábado, 1 de março de 2008

Desafio do Três Marias.

A amiga Adriana do Três Marias, lançou-me o desafio de responder as perguntas abaixo:

Se eu fosse um mês seria... outubro
Se eu fosse um dia da semana seria... segunda-feira
Se eu fosse um número seria... 13
Se eu fosse um planeta seria... marte
Se eu fosse uma direção seria... noroeste
Se eu fosse um móvel seria... criado-mudo
Se eu fosse um liquido seria... água com gás
Se eu fosse um pecado seria... ira
Se eu fosse uma pedra seria... água marinha
Se eu fosse um metal seria... ferro
Se eu fosse uma árvore seria... abacateiro
Se eu fosse uma fruta seria... manga
Se eu fosse uma flor seria... begônia
Se eu fosse um clima seria... chuvoso
Se eu fosse um instrumento musical seria... piano
Se eu fosse um elemento seria... água
Se eu fosse uma cor seria... azul
Se eu fosse um animal seria um... urso
Se eu fosse um som seria... ruído do vento
Se eu fosse uma letra de música seria... nosotros
Se eu fosse uma canção seria... nosotros
Se eu fosse um estilo de musica seria... bolero
Se eu fosse um perfume seria... CK one
Se eu fosse um sentimento seria... amor
Se eu fosse um livro seria… O Rei de Ferro
Se eu fosse uma comida seria… um bolo
Se eu fosse um lugar (cidade ) seria ... Paris
Se eu fosse um gosto seria... doce
Se eu fosse um cheiro seria… cítrico
Se eu fosse uma palavra seria… esperança
Se eu fosse um verbo seria… viver
Se eu fosse um objeto seria…. vaso
Se eu fosse uma roupa seria… gravata
Se eu fosse uma parte do corpo seria… mão
Se eu fosse uma expressão seria… interrogação
Se eu fosse um desenho animado seria… pica-pau
Se eu fosse um filme seria… Volver
Se eu fosse forma seria… triângulo
Se eu fosse uma estação seria… outono
Se eu fosse uma frase seria... “o mundo e redondo, não tem canto para se esconder”
Segundo a Adriana teria que nomear aqui 9 pessoas para dar continuidade ao desafio, como parece que todo mundo já respondeu, paro por aqui.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Ilusão de ótica.

Hoje o UOL trazia em sua página de rosto, um espaço reservado às crianças com a ilustração acima, com a seguinte chamada - Teste de ótica: quantas pernas têm o elefante? Entrei e qual foi minha surpresa quando, além do elefante, descobri outras figuras provocando uma ilusão de ótica que achei fantástica.

Vale a pena conferir – clique aqui

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Comeugarrolemorreu.

Outro dia, após um lanche, eu estava falando com um amigo e ele começou a folhear um jornal. Imediatamente, tirei o jornal das mãos dele e falei a frase acima. Ele quase morreu de rir e disse que nunca tinha ouvido falar disto. Estranhei porque afinal, lá pelas bandas das Gerais é um ditado bem comum, uma frase que desde pequeno minha mãe já me falava com a finalidade de evitar que eu lesse durante ou após as refeições. Os velhos diziam que fazia mal. Como não bastava proibir, inventavam ditados.

Apesar de ter dito a ele que se tratava de um ditado popular da região onde nasci, fiquei pensando: será que isto é um ditado regional mesmo, ou será que é coisa familiar, mais restrita? Afinal só tinha ouvido minha mãe falar isto, no máximo as minhas irmãs. Tentei lembrar de alguém na minha infância falando. Não, só minha família, ninguém mais. Só em casa se comessegarrasselemorria.

Lógico que fui dar uma pesquisada. E não é que encontrei. Lá estava – forma popular de expressar a frase “comeu agarrou a ler, morreu”, muito popular no sudoeste de Minas Gerais e noroeste de São Paulo. Bem onde fica minha terra.

Então minha gente, cuidado! Comeugarrolemorreu. Podem divulgar.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Namorados' meme.

Minha primeira reação foi dizer – que pena, eu perdi o prazo. Depois acordando para a realidade me dei conta da data em que a amiga Adriana estava postando. Enfim, fiquei sem saber se colocava um post do meme ou não. Depois de dúvidas, dúvidas e dúvidas resolvi adaptar uma versão tupiniquim do meme do Valentine’s day.

Meme do Dia dos Namorados

A amiga Adriana do Três Marias ofereceu-me este meme, agora com a indicação de depois de receber, ao invés de 10 minutos, vocês tem dias e dias para responder a 2 perguntas e passá-lo para quantas pessoas quiserem, se quiserem. Nova data de finalização: no dia dos namorados no Brasil, 12 de junho à meia-noite.

As perguntas são:

- O que gostarias que o teu par te oferecesse neste dia?
- E o que responderias em agradecimento?

As minhas respostas:

- Tudo o que eu tenho direito!
- Agradecido.

Agora com o prazo de validade estendido passo aos amigos Chrises, BloGui, Lele, Musikal, Paranoid J e PI. Excluo o Guris, eu vi! por motivos óbvios. Ele já se aproveitou da oportunidade.

Selinho amigo.

Ontem eu recebi um presente do blog SALA E COZINHA, que me deixou muito orgulhoso. Principalmente pela demonstração de carinho e reconhecimento.

A partir de hoje, graças à consideração da amiga Adriana, o Chille-Verde se tornou um blog muito bom, sim senhora! Mesmo sem entender a razão do feminismo explícito achei muito legal.



Regras de premiação:

1. este prêmio deve ser atribuído aos blogs que considerem serem bons. Entende-se como “bom” os blogs que costuma visitar regularmente e onde deixa comentários;

2. Só se recebeu o “É um blog muito bom, sim senhora”, deve escrever um post incluindo: a pessoa que lhe deu o prêmio com um link para o respectivo blog; a tag do prêmio; as regras e a indicação de outros sete blogs para receberem o prêmio.

Por limitações temporárias de relacionamento e devido à farta distribuição pela amiga Adriana fiquei sem ter blogs para dar continuidade.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Fatos e fotos.

Na seqüência artística visual resolvi publicar a documentação fotográfica de dois tremendos micos.

Sagrada Família - Barcelona (2005)

Sem questionar ou desmerecer a importância artística e cultural da obra de Antoni Gaudí - a Sagrada Família, devo também reconhecer que quando paguei para conhecer o interior do famoso monumento, foi o canteiro de obras mais caro que conheci. O valor cobrado, pela entrada, excede em muito o ganho com a visita interna desta obra de arte. Aqui vale bem o ditado - Por fora bela viola. Talvez quando estiver terminada, se é que algum dia vai terminar. E receio que não terei tempo de usufruir desta situação. Por fora deslumbrante! Faz esquecer qualquer má impressão do interior.



Sevilla - Passeio pelo Gualdaquivir (2005)

A promessa de um passeio de barco pelas águas históricas do Guadalquivir, repleto de lembranças sevilhanas. No final foram quarenta minutos de desperdício sob um sol escaldante. A vegetação exuberante nas margens impedia praticamente a visão de qualquer dos monumentos descritos pela guia. Em alguns momentos, no meio da selva apareciam edificações que teriam sido construídas para a Expo 92. Acabamos perdendo momentos preciosos das caminhadas terrestres que foram, indiscutivelmente, bem mais superiores.

Nem preciso dizer quem foi o responsável por estas duas tremendas furadas, escolhendo interessadíssimo os dois passeios e apresentando diversas vantagens para a realização dos mesmos. Ainda bem que os locais não tinham catracas, afinal vocês bem sabem que sou meio traumatizado com o equipamento ou o mau uso que alguns fazem com elas.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

A Gabiroba e o Buracão.

Ontem um amigo ficou rindo de mim enquanto conversávamos sobre frutas estranhas, assunto que ainda vai valer um bom post. Eu disse a ele que, quando eu era criança, costumava comer gabiroba no buracão. Depois de muitas gargalhadas, apesar da fácil explicação, ele ameaçou invocar os dedos satânicos e publicar uma estória sobre gabirobas e buracões. Diante do provável estrago a minha reputação resolvi eu mesmo explicar esta estória bem direitinho, aqui no meu blog. Então lá vai.

Gabiroba, alguns mineiros de plantão certamente conhecem, é uma frutinha em formato de bolinha, verde e que dá em touceiras no meio do campo. Uma delícia, azedinha e refrescante, quando se começa não consegue parar de chupar, é, come-se como uva ou jaboticaba. Estala na boca e se engole o miolo. Em qualquer lugar de pesquisa, que trata de frutas tropicais ou brasileiras, vocês com certeza irão achar a gabiroba.

Na minha infância, Monte Santo, a cidade onde nasci se resumia a três ruas principais cortadas por umas dez ruas paralelas. Um jardim, que era chamado de Jardim Velho, em uma das pontas e outro jardim, o Jardim da Igreja, na outra. Depois do Jardim Velho só tinha um campinho de peladas, onde aportavam ali os ciganos, parques de diversão e os circos, depois disto, uns 500 metros à frente, o cemitério.

Justamente entre a cidade e o cemitério, estava o Buracão. Nada de mais, só um terreno em erosão que formava crateras incríveis na terra, enormes e profundas. Local bem apropriado para as mais diversas brincadeiras da criançada, uma beleza, cheio de altos e baixos e com bastantes lugares para se esconder. Como o terreno era erosivo não crescia mato e a única vegetação do local era as touceiras de gabiroba. O que se fazia ali era tudo às escondidas, pois o bom povo mineiro inventava as mais incríveis lendas sobre o terreno, e os pais acabavam por não deixar as crianças brincar lá.

Ai está amigo, uma estória bem simples, típica de quem passou a infância em uma cidade do interior, só isto. Sem maldar, como se diz por lá.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

A arte da fotografia.

Não sei muita coisa sobre fotografia, mas sei o essencial. Estar no lugar certo, na hora certa.


Meio do dia – Parque Monceau – Paris – 2004


Amanhecer - Janela do hotel - Sevilha - 2005

Anoitecer - Parque do Retiro - Madri - 2005

Meio do dia - Jardin Japones - Buenos Aires - 2006



Final de tarde - Castelo de Buda - Budapeste - 2007



Anoitecer - Castelo de Praga - Praga - 2007

Só estar no lugar certo o resto a natureza faz.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Só um esclarecimento.

Tenho um amigo que gosta de colocar em seu blog textos relativamente longos e bastante trabalhados. Nota-se o capricho com que ele escolhe os termos e as palavras. Esmera-se para deixar, para quem está lendo, a mensagem bem clara. Propositadamente, quando quer, consegue deixar uma tremenda dúvida quanto ao rumo que devemos tomar para interpretar seus escritos. É tão convincente naquilo que escreve que sempre acaba deixando na dúvida se o que está sendo lido é a mais cristalina verdade ou a mais deslavada mentira. Tem um poder de convencimento como nunca vi em minha vida, invejável. Enfim ele consegue colocar no papel, ou melhor, na tela, suas idéias sempre de maneira brilhante.

Mais ontem não foi nada disso que aconteceu. Seu post, pelo pouco que consegui entender e como já conhecemos sua maneira de escrever, seria uma brincadeira com um outro amigo. Foi só o que consegui decifrar. Fiquei pensando, será que sou eu ou ele que está precisando de uma pequena regulagem. Lógico que a tendência é sempre a gente achar que não estamos conseguindo entender, mesmo porque, tratando-se de quem escrevia, o que se esperava é que ali naquelas palavras deveria ter um entendimento que eu não estava conseguindo captar.

Li, reli, tornei a ler, mais não, a coisa para mim não tinha pé nem cabeça. Não conseguia um elo entre o ditado, o hino e o homenageado. Como o texto era curto, o que é bem incomum, fiquei pensando, será que ficou faltando um pedaço. Se por acaso ficou, deve ser um pedaço bem importante, de extremo esclarecimento para tudo aquilo. Alguma explicação deveria ter.

Como o primeiro comentário do post foi da esposa do homenageado, expressando o mesmo sentimento que o meu, acabei ficando mais tranqüilo, mais mesmo assim ainda bastante curioso.

Então caro amigo, depois de tantos esforços que dedicamos ao entendimento de seus escritos, acho que merecemos uma explicação pelo ocorrido. Pode ser por qualquer meio, um post, um comentário ou um e-mail, uma carta, um bilhete, uma notinha no papel de pão... Qualquer coisa, mas nos ajude a entender o que aconteceu. Senão vou ter de convocar mesmo o workshop programado.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Seu Basílio.

Hoje pela manhã lendo o Três Marias, me veio na lembrança um local muito agradável de minha infância. E como coisa agradável para criança é brincadeira ou doce, imediatamente pulei meus pensamentos para as guloseimas que existiam na época. Eram coisas bastante simples, nada sofisticadas, sem talvez o cuidado como são fabricadas hoje em dia, mas eram muito boas, e bonitas.

Fora as famosas balas citadas pela amiga, a quantidade de doces era bem grande. Tinha uma bala que era feita não sei do que, mas eu achava uma delícia, eram uns bonequinhos transparentes parecendo de vidro, azedinhas que até davam arrepios. Outra maravilha era o doce de abóbora, aquele que tem uma casquinha dura por fora e molinho por dentro em formato de coração, do mesmo jeito existia o doce de batata doce. Tinha doce de leite, pé-de-moleque, as balas de coco, balas moles e duras com receio dentro, garrafinhas de chocolate recheadas com licor, uma loucura. Os sorvetes não existiam iguais, eram de fabricação própria e tinha de diversos sabores, alguns até feitos com a fruta natural. Eram de palito, bem baratinho, ou copinho, mais caros e mais sofisticados. Uma tentação para a criançada.

Todas estas delícias estavam reunidas, no que para mim na época era o melhor lugar do mundo, no Seu Basílio. O lugar era um misto de sorveteria, doceira e mercearia. Sendo que a última era a que menos interessava. Se o local tinha algum nome eu não sei, pra mim sempre foi “lá no Seu Basílio”. Entrar no local era sempre muito bom. Nas minhas lembranças tudo era muito colorido, gostoso e cheiroso. O cheiro era uma coisa a parte, um misto de doce e salgado, por causa da mercearia. Até hoje ainda lembro o cheiro bom que tinha.

Então para mim Seu Basílio não é uma pessoa, apesar de ter sido um velhinho bastante simpático, era o lugar onde eu podia saborear ou olhar com olhos compridos todas as delícias do mundo. Sim, eu era uma criança bastante gulosa.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Doce ilusão.

Depois de quase uma semana sem postar, um pouco por preguiça outro por falta de inspiração - nem comentários nos post dos amigos, uma modorra total, aliás não só de escrever aqui, era alguma coisa de vida mesmo, estava muito largado - resolvi então tomar uma providência. Não, não vou chorar. Vou tentar escrever algo. De hoje não deve passar.

Pensei um bocado e minha inspiração veio de um vislumbre de embate entre dois blogueiros da nossa roda. Um desafiou de cá e o outro de lá, me empolguei bastante, antevendo um novo pega do gaúcho com a mineira. Até coloquei um pouco de lenha da fogueira. Mandei lá uns comentários atiçando um pouco mais. Achei que agora ia.

Esperei um dia e nada, a coisa esfriou novamente. O que será que está acontecendo com os dois, será que estão perdendo a mão. Fugindo da raia. Ora! Depois do bate e volta no post de um deles eu contava com uma reação mais compatível com as batalhas outrora travadas. Paguei pra ver, resolvi aguardar mais um dia.

Quase fiquei furioso quando li os blogs, ontem, e me deparei com os dois levando a vidinha de sempre. Como se os leitores não aguardassem, ansiosamente, pelo desdobrar do desafio. Um além de não ter cumprido o prometido publicou uma coisa até que bonitinha e engraçadinha, mas bem longe daquilo que eu esperava encontrar. Já a outra, na efervescência da provocação, resolve voltar às suas lidas domésticas, estocando aperitivos.

Bem meus amigos, disto tudo só restou um fato bom. Lógico! Eu voltei a postar. Então muito obrigado pelo despertar e espero que as palavras escritas aqui dêem uma agitada nos amigos, senão eu vou começar a duvidar da veracidade de seus embates e achar que tudo não passa de um mero jogo de palavras. Coisas para impressa e autopromoção.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Personagens do carnaval.

Aproveitando esta época de carnaval e a falta de inspiração para as estórias mais autobiográficas, vou imitar as embromações do amigo Odilon e escrever sobre os principais personagens carnavalescos. Todos eles são importados, visto que a festa que representa o orgulho nacional não teve sua origem no folclore indígena. O carnaval brasileiro foi formado, ao longo dos anos, por uma salada de manifestações populares e artísticas que ainda estão por merecer um documento histórico pormenorizado e atualizado.

Na sua forma inicial nada tinha a ver com o samba, mesmo porque esta manifestação musical nem existia, ou com a festa monumental, característica dos dias atuais. Imitando os modelos europeus, os carnavais do século passado se limitavam a desfiles urbanos com foliões usando máscaras e fantasias. As personagens, motivos das fantasias, também eram imitações das suas congêneres carnavalescas de Veneza ou Paris.

A Commedia dell’Arte, surgida na Itália em meados do século XVI como uma forma de representação mais livre e burlesca, criou um contraponto com as peças clássicas representadas de forma mais estruturada. Nela os temas eram apresentados por tipos populares que misturavam a sátira e o romance. O comportamento dos personagens enquadrava-se em padrões: o amoroso, o velho ingênuo, o soldado, o doutor, o fanfarrão, o pedante, o criado astuto.

Em grande destaque aparece o Pedrolino, inspirador do seu similar Pierrot. As suas características de honestidade, charme e gentileza criam um universo cheio de situações corretas em torno deste personagem. Hoje seria considerado um bobo total, visto que dificilmente fugiria do politicamente correto. Vestido de branco – símbolo da pureza – em roupas largas assemelha-se aos palhaços, confundindo-se eventualmente com o Polichinelo.

No seu contraponto encontra-se o Arlequim. Também da troupe dos serviçais, porém completamente inescrupuloso não mede esforços para conseguir os seus intentos. Envolvente e ardiloso consegue tirar o foco das suas trapalhadas direcionando para o pobre Pierrot. Imortalizado em suas roupas de losangos, famoso pela sua agilidade e desfaçatez consegue, espertamente, conquistar o amor da Colombina.

Completando o triangulo amoroso revela-se a Colombina. Em geral aparece como uma serva ou acompanhante de uma dama, com quem pode ser confundida pela beleza, inteligência e humor irônico. Envolve-se em intrigas, fofocas e trapalhadas muitas vezes induzida pelo outros elementos do trio. Ela é amada, secretamente, pelo Pierrot a quem, voluntária ou involuntariamente faz sofrer, com confidências da sua paixão pelo rival Arlequim.

Pelo apresentado, podemos ver que nada mais moderno e novelesco do que estes personagens do carnaval. As aventuras amorosas realmente não evoluíram muito nestes séculos. Pelo menos na parte popular.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Quero fugir para lá.

Direção de arte: Otavio

Imagens: França 2004

Trilha sonora: Edith Piaf (Hymne a l'amour)

Cortesia Roberto (Musikal)

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

A incrível Augusta.

Hoje, antes de ir para meu trabalho, fui até o banco na Rua Augusta. Dando uma olhada rápida nas poucas casas comerciais que ainda existem e nas portas de loja fechadas, fiquei bastante triste. A rua esta um lixo, os prédios não são pintados ou restaurados há anos. Tudo sujo e degradado. Virou realmente uma rua de prostituição. É só o que se vê por lá. Boates sujas e saunas encardidas. Aquele tipo de negócio que só tem algum atrativo à noite, quando está escuro e as luzes coloridas e néons são o que sobressaem. Um verdadeiro circo dos horrores.

Mais nem sempre foi assim. Na São Paulo pré-shopping, meados e final dos anos sessenta. A Augusta era sem dúvida nenhuma o endereço mais badalado da cidade. Todas as lojas de grife estavam lá, era o sonho de qualquer empresário da moda, atelier de costura, lojas de decoração, lojas de tecidos exclusivos, estabelecerem-se em um imóvel, na verdade servia qualquer casa pequena, mas todos queriam aquele endereço.

Tudo o que hoje em dia acontece em shoppings, acontecia na Augusta daquela época. Só tinha um detalhe de requinte a mais, as pessoas podiam circular pela rua dirigindo e ostentando seus carros de luxo ou esportivos bem equipados. Lembram-se daquela música “subi a Rua Augusta a 120 por hora”, pois é, tudo mentira, jamais isto acontecia. As pessoas queriam ver e serem vistas. Se quisesse circular, a pé ou de carro, nos quarteirões entre a Rua Oscar Freire e a Alameda Santos, tinha que ter no mínimo duas horas livres para gastar. O movimento era infernal, principalmente aos sábados quando parecia que a rua recebia a cidade inteira para uma festa.

Sinceramente dá muita pena passar por ela hoje e lembrar que aquela rua decadente já foi a mais charmosa do país.