sexta-feira, 13 de junho de 2008

O santo casamenteiro.

Hoje é dia de Santo Antônio. Para as pessoas, como eu, que nasceram no interior, esta é uma data bem especial, o início das festas juninas. Com certeza hoje na minha terra devem acontecer muitas comemorações, na cidade ou nas fazendas vizinhas. Realmente é um evento, muitas fogueiras, fogos de artifício, bandeirinhas e quadrilhas, com casamento na roça e tudo. Apesar de pequena a cidade normalmente já é muito animada, imaginem com um bom motivo.

Quando eu era pequeno e ainda morava lá, gostava muito deste período. Para a criançada era muito divertido. Tudo começava sempre no dia 12, véspera do dia de Santo Antônio e Dia dos Namorados. Como o santo também é conhecido como casamenteiro, era normal que as garotas, e as não tão garotas assim, fizessem algumas simpatias para que o santinho ajudasse a encontrar um par.

Como sou o único filho homem de uma família com seis rebentos, e, além disso, o penúltimo, lá em casa a data era uma festa. Minhas irmãs e as amigas, todos os anos, insistiam com novas simpatias para prender algum moçoilo. Era bastante divertido. Lembro-me bem de uma delas - escrever o nome do escolhido em um papel e cravar com um facão no tronco de uma bananeira, à meia-noite. Eu nunca entendi direito a simbologia do facão cravado e da bananeira para tentar conseguir um marido, mas era muito engraçado ver aquele bando de mulher fazendo fila na direção do fundo do quintal. Mesmo com medo do escuro e do que poderia aparecer por lá, elas sempre cumpriam sua missão. Pobres das bananeiras.

Outra simpatia era, também à meia-noite, quebrar um ovo dentro de um copo com água e deixá-lo até o dia seguinte, no sereno. Se o desenho formado lembrasse um vestido de noiva era sinal de que o casamento estava próximo.

Mesmo com todas as simpatias, não me lembro de nenhuma sortuda, incluindo minhas irmãs, que tenha conseguido o intento. O que não impedia de sempre tentarem a mesma coisa no ano seguinte.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

O assassinato da coca-cola.

Hoje eu cometi um crime. Assassinei uma garrafa de coca-cola.

O pior é que quando forem reconstituir o crime, com certeza chegarão à conclusão de que foi premeditado. Teve estória e preparação, sem nenhum álibi ou atenuante.

Logo de manhã quando levantei verifiquei que o número de cocas não daria para o fim de semana. Planejei dentro de meus horários disponíveis, um tempinho para passar no supermercado e abastecer minha pequena dispensa com litros e litros do precioso líquido. Depois de comprá-las em embalagens plásticas de seis em seis, as levei para casa.

Lá chegando é que aconteceu o desastre. Coloquei as embalagens no chão da cozinha e sai em busca de uma faca para, como sempre, dar uns talhos no plástico da embalagem e liberar as garrafas. Escolhi uma faca pequena e pontiaguda. Levantei a arma e a desci em um golpe certeiro. Zás...Perfurei uma das garrafas que reagiu com uma pequena explosão e começou a jorrar como um poço de petróleo. Estrebuchou até a última gota de coca que tinha dentro do vasilhame.

Eu, depois de correr assustado para um dos cantos da cozinha, fiquei, sem qualquer reação, apreciando o espetáculo. A pobre espirrou para todos os lados, do chão ao teto não existia um do cantinho sem coca-cola.

Depois do susto, logo veio como reação risadas histéricas, para logo após quase chorar só de pensar em limpar aquela lambança.

Realmente o crime não compensa.