Se falarmos para uma pessoa mais jovem que já houve época, e bem recente, em que não existiam jeans, provavelmente ela não vai acreditar. Todo mundo sabe que o tecido jeans, o algodão resistente tingido com o corante índigo blue, é relativamente novo. Novo no mundo e muito novo no Brasil.
Vivi dezoito anos de minha vida sem ter um jeans. Não existia. Durante toda minha adolescência sonhava em ter uma calça Lee, como era conhecida na época. A indústria têxtil nacional ainda não fabricava o tecido, tão comum em nossos dias. Então, só importado. Eram as legendárias Lee ou Lewis, as únicas que pintavam por aqui.
Como a importação de tudo no país era proibida, só existiam duas maneiras de você conseguir uma calça, trazendo de uma viagem ao exterior, o que também não era a coisa mais comum do mundo, ou comprando de contrabando. Comprar de contrabando, na época, era uma aventura. O Roberto do Musikal com certeza vai ler este post e deixar aqui um comentário explicando, mediante uma desastrosa experiência própria, como eram feitas as transações comerciais para se obter um jeans, no tempo dele.
Como solução para este impasse, a Alpargatas do Brasil lançou uma imitação, bem, mais bem ordinária (como dizia minha mãe) que foi batizada de calça rancheira. A vontade de ter um jeans era tanta que a tal calça começou a ser um quebra galho. Lógico que eu fui um dos que lançou mão deste artifício brega para se sentir mais por dentro das coisas.
Só vim a ter o meu primeiro JEANS, assim com maiúsculo, muito tempo depois. O meu veio em uma nova modalidade de obtenção de produto importado, trazida dentro da bagagem de um comissário de bordo da Varig (única companhia com vôos internacionais na época). Este comércio ilegal acabou por deixar alguns aeronautas bastante ricos. Como só eles tinham facilidade de trazer, era pegar ou largar. A fila era grande e acabavam vendendo um simples jeans por um preço exorbitante. Imaginem este fato nos dias de hoje - quanto custaria uma Diesel?
Primeira e única, a minha calça tinha somente duas paradas, varal e corpo. Eu adorava aquela calça.
Vivi dezoito anos de minha vida sem ter um jeans. Não existia. Durante toda minha adolescência sonhava em ter uma calça Lee, como era conhecida na época. A indústria têxtil nacional ainda não fabricava o tecido, tão comum em nossos dias. Então, só importado. Eram as legendárias Lee ou Lewis, as únicas que pintavam por aqui.
Como a importação de tudo no país era proibida, só existiam duas maneiras de você conseguir uma calça, trazendo de uma viagem ao exterior, o que também não era a coisa mais comum do mundo, ou comprando de contrabando. Comprar de contrabando, na época, era uma aventura. O Roberto do Musikal com certeza vai ler este post e deixar aqui um comentário explicando, mediante uma desastrosa experiência própria, como eram feitas as transações comerciais para se obter um jeans, no tempo dele.
Como solução para este impasse, a Alpargatas do Brasil lançou uma imitação, bem, mais bem ordinária (como dizia minha mãe) que foi batizada de calça rancheira. A vontade de ter um jeans era tanta que a tal calça começou a ser um quebra galho. Lógico que eu fui um dos que lançou mão deste artifício brega para se sentir mais por dentro das coisas.
Só vim a ter o meu primeiro JEANS, assim com maiúsculo, muito tempo depois. O meu veio em uma nova modalidade de obtenção de produto importado, trazida dentro da bagagem de um comissário de bordo da Varig (única companhia com vôos internacionais na época). Este comércio ilegal acabou por deixar alguns aeronautas bastante ricos. Como só eles tinham facilidade de trazer, era pegar ou largar. A fila era grande e acabavam vendendo um simples jeans por um preço exorbitante. Imaginem este fato nos dias de hoje - quanto custaria uma Diesel?
Primeira e única, a minha calça tinha somente duas paradas, varal e corpo. Eu adorava aquela calça.
4 comentários:
pois é... tenho uma experiência que foi quase traumatizante para conseguir uma destas calças... foi uma das vezes em que eu me senti a pessoa mais abobada e ingênua...
o cara, que se dizia marinheiro e estaria com as calças no escritório do Porto e pegaria a "encomenda" na porta ao lado, não poderia entrar comigo por causa dos fiscais; então era para eu esperar ali.
foi o que fiz, dei o dinheiro para ele e fiquei esperando que ele fosse "alí no fim do corredor da galeria", já me imaginando com a calça...
como ele não voltava, fui até a porta onde ele entrou e vi que dava para uma avenida movimentada, com carros e pessoas passando.
voltei para casa, sem dinheiro, sem a tal calça e me sentindo a pessoa mais tonta do mundo !
Pensando, hoje, ninguém imagina as contravenções das quais éramos capazes para conseguir um destes prêmios. Contrabando, evasão de divisa e algumas outras inomináveis. A gente fazia cada uma. Quanto a perda de dinheiro na calça, caro amigo Roberto, contente-se que muito mais gente já perdeu dinheiro na bolsa. Acessório por acessório acho mais charmosa a perda na calça.
Apesar do oceano que nos separa, por aqui as coisas passaram-se de forma muito semelhante. Não creio que os jovens de hoje imaginem como era a vida A. J. (antes dos JEANS) :-)
Obrigada pela referência à Encosta do Mar no seu post anterior.
Um abraço.
No meu tempo de colegial já havia a Lee mas cadê grana???? Depois veio a Lewis, mas cadê grana? Era uma tristeza não fazer parte da "tchurma".
abraços de Pitanga
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