domingo, 18 de maio de 2008

Desabafo mineiro.



Depois de passar o fim-de-semana escutando os gaúchos contarem causos da terra deles, e estando em minoria, me resta apelar para um saudosismo da minha terra. Ó mineiros de todos os cantos, venham em meu auxílio.

Fica esta bela canção, nosso segundo hino.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Uma sina hereditária.

Lendo o post de um amigo, sobre o carinho que ele tem por uma travessa Goyana (aliás, eu conheço a tal peça e acompanho a dedicação dele pelo objeto há décadas), lembrei de meu aparelho de porcelana chinesa. Deve estar guardado em algum lugar da casa. Já tive muito apego por ele. Hoje o mantenho para evitar a perpetuação de uma catástrofe familiar.

Vou explicar. O tal aparelho, daqueles de porcelana bem fininha que você fica com medo de até respirar perto dele, está na minha família, pelo que eu sei, há milhares de anos. Este sim já é uma antiguidade. A primeira a receber de presente de casamento foi a tia de uma tia-avó minha. Pela data deve ter recebido direto de um imperador da dinastia Ming. Ai começou a tal da sina hereditária.

Esta parenta distante acabou tendo seu casamento desfeito. Praticamente abandonada no altar, seu noivo desapareceu e sequer deixou explicação do que poderia ter acontecido. Como era comum na época, e acho que até hoje, não era educado devolver os presentes ganhos, dava azar. Então o tal serviço de café entrou para família. E a sina também!

A minha tia-avó, uma menina adolescente a esta altura, adorava o tal aparelho e ficou com ele para o seu enxoval. Resumo - ficou solteira o resto da vida. Antes de falecer distribuiu, ainda em vida, todos os objetos e pertences que ela havia guardado. O conjunto veio parar nas mãos de minha irmã mais velha.

Já desconfiada que o presente era de grego, ela se limitou a guardá-lo no fundo de um armário e esqueceu dele. Ficou noiva três vezes e não casou nenhuma. Então chegou a minha vez. Eu adorava aquele conjunto e vivia pedindo para ela me dar. De tanto insistir fiquei com ele. Ela, depois de passar para mim, casou.

Este legado já está comigo há uns trinta anos. Continuo solteiro. Primeiro achava que a tal sina existia mesmo. Cheguei até a cogitar a venda para algum antiquário. Hoje eu acredito, com muita fé, que o “azar” existe mesmo e vou manter estas porcelanas comigo, até o fim dos meus dias. Em vida, evito que a sina continue. Depois que cada um cuide de si.

domingo, 11 de maio de 2008

Dia das mães.


Uma homenagem a todas as mães, as mais antigas e as recém saídas do forno.

Às minhas mães. Minha mãe que com certeza de algum lugar deve poder ver essa homenagem e minha mãe emprestada que merece este carinho
.


Foto – arquivo de fotos de viagens do Odilon - Buenos Aires/2007

sábado, 10 de maio de 2008

O primeiro jeans ninguém esquece.

Se falarmos para uma pessoa mais jovem que já houve época, e bem recente, em que não existiam jeans, provavelmente ela não vai acreditar. Todo mundo sabe que o tecido jeans, o algodão resistente tingido com o corante índigo blue, é relativamente novo. Novo no mundo e muito novo no Brasil.

Vivi dezoito anos de minha vida sem ter um jeans. Não existia. Durante toda minha adolescência sonhava em ter uma calça Lee, como era conhecida na época. A indústria têxtil nacional ainda não fabricava o tecido, tão comum em nossos dias. Então, só importado. Eram as legendárias Lee ou Lewis, as únicas que pintavam por aqui.

Como a importação de tudo no país era proibida, só existiam duas maneiras de você conseguir uma calça, trazendo de uma viagem ao exterior, o que também não era a coisa mais comum do mundo, ou comprando de contrabando. Comprar de contrabando, na época, era uma aventura. O Roberto do Musikal com certeza vai ler este post e deixar aqui um comentário explicando, mediante uma desastrosa experiência própria, como eram feitas as transações comerciais para se obter um jeans, no tempo dele.

Como solução para este impasse, a Alpargatas do Brasil lançou uma imitação, bem, mais bem ordinária (como dizia minha mãe) que foi batizada de calça rancheira. A vontade de ter um jeans era tanta que a tal calça começou a ser um quebra galho. Lógico que eu fui um dos que lançou mão deste artifício brega para se sentir mais por dentro das coisas.

Só vim a ter o meu primeiro JEANS, assim com maiúsculo, muito tempo depois. O meu veio em uma nova modalidade de obtenção de produto importado, trazida dentro da bagagem de um comissário de bordo da Varig (única companhia com vôos internacionais na época). Este comércio ilegal acabou por deixar alguns aeronautas bastante ricos. Como só eles tinham facilidade de trazer, era pegar ou largar. A fila era grande e acabavam vendendo um simples jeans por um preço exorbitante. Imaginem este fato nos dias de hoje - quanto custaria uma Diesel?

Primeira e única, a minha calça tinha somente duas paradas, varal e corpo. Eu adorava aquela calça.

Outro meme.

Este veio da Dália Rosada. Muita gentileza dela.

O que temos que fazer é escolher 11 blogueiros, listar e, sem ler antes de escolher, responder as perguntas abaixo. Então:

1. Guris, eu vi!

2. Chrises

3. Musikal

4. Pitanga Doce

5. Três Marias

6. Encosta do Mar

7. Livro de Escrita

8. Lele

9. Mar Azul

10. O mar me quer...

11. Suspiros Angelicais


Agora as perguntas:

1. Como você encontrou o 4? Através do blog de um amigo. Entrei e achei muito interessante. As postagens parecem que tem vida, fora o texto e a boa música.

2. O que você faria sem o 6? Com certeza iria perder belas imagens e deixar de ler excelentes poesias.

3. O que você faria se o 2 e o 6 estivessem namorando? Desejaria a maior felicidade do mundo e que não tivesse tanta água entre eles.

4. O que você faria se o 5 confessasse que ele/ela te ama? Sentir-me-ia bastante lisonjeado, mas acho que quem lê o Três Marias sabe que isto é uma coisa bem difícil de acontecer. A Adriana literalmente vive para sua família.

5. Quem é o melhor amigo do 10? Esta eu não consigo responder. Conheço a Maripa a muito pouco tempo, mas acho que qualquer pessoa ficaria bastante feliz em ser o melhor amigo dela.

6. Você já se alimentou perto do 1? Não só me alimentei como comi do alimento que ele preparou. Ele, apesar de modesto, cozinha muito bem.

7. Você sente saudades do 2? Chrises é uma blogueira ótima. Posta todos os dias. Não tem como sentir saudades dela.

8. Quem o 11 esta namorando? Eu acho que um anjo.

9. O que você acha do 3? Conheço-o desde que éramos jovens. Algumas décadas atrás. É a pessoa que mais entende de música que conheço. Meu guru para assuntos “musikais”.

10. O que você acha do 9? Acho ela uma pessoa muito legal. Pelo menos imagino isto baseado em seus textos e imagens.

11. O que você faria se 4 e 7 estivessem namorando? Mais uma vez existe um oceano entre elas. Como disse o Chico, tanto mar, tanto mar.

12. Você casaria com o 8? Só se ela trouxesse a Isabela. Vocês já viram a filha fofinha que ela tem? Vale a pena conferir.

13. Você ama 10? Como eu disse, não conheço muito. Já é um blog que faz parte de meus passeios diários, gosto muito.

14. Já dormiu no mesmo quarto com alguns desses números? Dois deles são meus amigos quase desde a infância. Quase amigos de berçário.

sábado, 3 de maio de 2008

Sous le ciel de Paris.

Paris
outubro 2004


Hoje amanheceu nublado e ainda frio. Achei que ia ser mais um dia melancólico de outono em São Paulo. Não parecia que ia prestar para nada. Logo na caminhada matinal já começaram a aparecer os primeiros pedaços de céu azul. De início, tímidos e depois com força total. Agora estamos com um dia radiante – céu límpido e azul e uma leve brisa fria do outono.

Sem querer, esta aparência do dia me levou para minha cidade. Lembrei do outono de 2004. Uma quantidade de dias idênticos ao de hoje para serem simplesmente aproveitados à exaustão. Ficar sem fazer nada esticado em uma cadeira à beira da Grand Basin, nas Tuileries, sentindo o sol esquentar a face. Ao longe ouvir um acordeon aos prantos e a voz da Piaf entoando Sous le ciel de Paris. Lagartear ao sol. Languidamente. Às vezes abrir os olhos e, lentamente, vislumbrar à esquerda a Orangerie. Um pouco mais à direita o Jeu de Paume e ao centro os portões dourados e logo atrás o símbolo fálico de Paris – o obelisco da Place de la Concorde.

Fechar os olhos e sonhar.

Acho que estou com saudades de casa.