Hoje, olhando com outros olhos, acho que elas não eram tão velhas assim. Quando criança e adolescente sempre achava que elas eram muito mais velhas. Não sei por que, mas o tempo passa e a gente vai perdendo a impressão que nossos parentes e amigos mais idosos, eram tão idosos assim.
Voltando. Jandira, Elvira e Maria Amélia (Melica), irmãs mais velhas de minha avó, portanto tias de minha mãe. Uma viúva, uma casada e uma solteira. Moravam as três juntas. Tinham uma pequena escola herdada de meu bisavô que na época dele era uma grande escola. A única da cidade e a mais conceituada da região.
Tia Melica, a mais velha, desde que me conheço por gente, já era completamente maluquinha. Vivia em um mundo só seu. Tudo o que ela achava que estava sobrando na cozinha levava para seu quarto e guardava em uma cômoda com umas gavetas imensas. De tempo em tempo, Tia Elvira tinha que dar uma geral na tal cômoda e trazer tudo de volta para cozinha. Ou jogar fora o que tinha estragado. Lógico que sobre os protestos da outra. Outra mania dela, no caso da tia Melica, era vender e comprar ovos. Pegava três ovos e procurava Tia Elvira, novamente ela, uma santa, e perguntava se a mesma estava interessada em comprar os ovos. Minha tia comprava e lhe dava o dinheiro. Passado um tempo lá vinha a Melica perguntar se a outra não tinha uns ovos para vender, e comprava. Assim passava seus dias.
Tia Jandira, a mais nova, era uma daquelas pessoas que praticamente conhece a cidade inteira. Católica fervorosa ia à missa todos os dias. Na ida, andava rapidamente e saia com bastante antecedência para não se atrasar e naturalmente era uma das pessoas que ajudava na realização do culto. Sua volta era um caso a parte, demorava horas conversando pelo caminho com todas as pessoas que encontrava. Era uma pessoa muito falante, dava fé de tudo o que acontecia na cidade e como conseqüência disso, era muito falada. Diziam as más línguas que o marido não a agüentou e desapareceu nos primeiros dias da lua de mel. O pior é que, confirmado pela família, as más línguas estavam certas. Ele desapareceu mesmo, só que a causa permanece nebulosa. Nem a família confirma.
Tia Elvira, a do meio, era a mais doce delas. Foi quem criou minha mãe. A bondade em pessoa. Sempre bem disposta e atenciosa, cuidava das irmãs, principalmente da mais velha, com muito carinho. Nunca vi uma pessoa com tremenda paciência, nada a tirava do sério. Quando fazia algo para alguém, notava-se que ela estava fazendo porque gostava. Uma graça de velhinha.
Essas eram minhas tias, muito queridas e cada uma, a seu modo, deixou um pouco de saudade.
Voltando. Jandira, Elvira e Maria Amélia (Melica), irmãs mais velhas de minha avó, portanto tias de minha mãe. Uma viúva, uma casada e uma solteira. Moravam as três juntas. Tinham uma pequena escola herdada de meu bisavô que na época dele era uma grande escola. A única da cidade e a mais conceituada da região.
Tia Melica, a mais velha, desde que me conheço por gente, já era completamente maluquinha. Vivia em um mundo só seu. Tudo o que ela achava que estava sobrando na cozinha levava para seu quarto e guardava em uma cômoda com umas gavetas imensas. De tempo em tempo, Tia Elvira tinha que dar uma geral na tal cômoda e trazer tudo de volta para cozinha. Ou jogar fora o que tinha estragado. Lógico que sobre os protestos da outra. Outra mania dela, no caso da tia Melica, era vender e comprar ovos. Pegava três ovos e procurava Tia Elvira, novamente ela, uma santa, e perguntava se a mesma estava interessada em comprar os ovos. Minha tia comprava e lhe dava o dinheiro. Passado um tempo lá vinha a Melica perguntar se a outra não tinha uns ovos para vender, e comprava. Assim passava seus dias.
Tia Jandira, a mais nova, era uma daquelas pessoas que praticamente conhece a cidade inteira. Católica fervorosa ia à missa todos os dias. Na ida, andava rapidamente e saia com bastante antecedência para não se atrasar e naturalmente era uma das pessoas que ajudava na realização do culto. Sua volta era um caso a parte, demorava horas conversando pelo caminho com todas as pessoas que encontrava. Era uma pessoa muito falante, dava fé de tudo o que acontecia na cidade e como conseqüência disso, era muito falada. Diziam as más línguas que o marido não a agüentou e desapareceu nos primeiros dias da lua de mel. O pior é que, confirmado pela família, as más línguas estavam certas. Ele desapareceu mesmo, só que a causa permanece nebulosa. Nem a família confirma.
Tia Elvira, a do meio, era a mais doce delas. Foi quem criou minha mãe. A bondade em pessoa. Sempre bem disposta e atenciosa, cuidava das irmãs, principalmente da mais velha, com muito carinho. Nunca vi uma pessoa com tremenda paciência, nada a tirava do sério. Quando fazia algo para alguém, notava-se que ela estava fazendo porque gostava. Uma graça de velhinha.
Essas eram minhas tias, muito queridas e cada uma, a seu modo, deixou um pouco de saudade.
15 comentários:
eu adoro as histórias das tuas tias, principalmente porque eu já gosto por natureza de "gente-louca-do bem"... ainda mais quando já são velhas.
a imagem que ilustra, me deu uma saudade daqueles livros maravilhosos de histórias de bruxas, velhas más, e vovozinhas que fazem tricô e croché.
pena que quase não exitem mais estes livros, e muito menos estas velhinhas...
cheguei a sentir o cheiro de ungüentos e naftalina na gaveta da cômoda.
adorei o post !!
Também tinha uma tia avó assim( nossa bateu até saudade)cheia de manias estranhas, rituais, mais também era muito querida. Foi bom lembrar.
Um excelente final de semana!
Beijos eflores!!
Que estória interessante. Pela diversão e pela homenagem às tias. Principalmente à tia Elvira, quanta paciência e disposição. Ainda bem que existem Elviras no mundo.
Agora me veio uma dúvida: existe a possibilidade da questão dos ovos ter um fundo genético? Acho que vou me preparar no aviário mais próximo. Sou um bom vendedor e comprador.
Figuras da infância que imortalizaste para o futuro.
Quantas tias como essas que ninguém sabe lembrar assim... com a ternura das tuas palavras.
Um beijo.
Parabéns pelo Blog, muito bonito.Vim te convidar para conhecer o Compartilhando as Letras.Sua visita será uma honra!!!!
Adorei o modo ternurento como falou das suas tias velhinhas.E como é bom ter memórias assim para contar.Memórias contadas com muita humanidade e uma pontinha de humor...
Eu também já sou uma tia um bocado velhinha, será que algum dos meus sobrinhos vai contar que eu vivo "agarrada" a um blogue? :)
Beijo carinhoso,querido Otávio.
Quando somos meninos, temos uma
percepção da vida e das pessoas
muito diferente de quando somos adultos.
Não sei qual das duas é a melhor a mais verdadeira,
Mas não devemos perder a criança que há em nós,
talvez por isso a sua tia tenha siso tão paciente e com tanta bondade
beijos
Pena que envelhecemos!
Que história bonita, recheada de ternura e humor. Me fez sorrir, trazendo de volta lembranças da minha própria infância.
Gostei imensamente.
Um abraço
Passei para desejar uma excelente semana e deixar uma beijoca do outro lado do oceano :)
Beijufas
Quem me dera ter um sobrinho assim, que um dia me lembrasse da forma carinhosa como o fazes.
Um beijo, Otávio.
Sinto falta de suas postagens.ACHO QUE DEVERIA FAZÊ-LAS COM MAIS FREQUENCIA!vOCE E oDILON ANDAM MAIS RAROS DO QUE NOTINHA DE CEM!bOA SEMANA!
Ola tou com saudades :)=
Passei para deixar uma beijoca
HEHEHE!
Concordo com a Adriana!
Volto em busca de novidades.
Beijos e flores!!
Amigo,
Belissima história, escrita lindamente!
:-) abraço
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